Batata Doce

ha sitios mágicos e especiais (poucos). O batata doce é um desses sítios. Não há restaurante igual em Lisboa. Aqui não há luxo nem formalidades. Há um ambiente quente, bem decorado, quase mágico, quase caseiro. Uma simpatia sem igual, uma vontade de agradar aos clientes rara de se ver hoje em dia. A comida… é a comida da Isabel. Moqueca de camarão é divinal, e o resto também. As sobremesas são uma perdição (bolo de chocolate é fantástico).
Mas que cantinho maravilhoso que descobri na nossa Lisboa. Faziam falta mais espaços assim.

Conheço a Isabelinha há mais de vinte anos, do tempo em que tomou conta do bar do Cinearte. Eu trabalhava por lá — fazia teatro, parece — e, «traquinas» como éramos, foi amizade à primeira vista. Foram alguns anos de muito bom convívio, com ela e com o João, o marido. De lá até ao Batata Doce, foram uns anitos, sempre a «tomar conta de restaurantes», sempre a cozinhar para as muitas dezenas de amigos, a fazer caterings para festas, comida para aniversários, de tudo um pouco. Do Cinearte à Guilherme Coussul, ao Batata Doce. Não é por ser minha amiga mas, a Isabel é das melhores cozinheiras que conheço. Acabou de chegar da Bélgica onde esteve, a convite, num festival gastronómico. Grande Isabel! Nem vou salientar pratos — bons ou ainda melhores — porque não vale a pena. Costumo ir lá almoçar ou, jantar no dia do fantástico cozido, com amigos comuns. Enchemos a sala — que não é grande — e cavaqueamos até altas horas, à porta fechada. Conseguiu vestir o espaço com muito bom gosto e, sendo ela uma mulher ligada há tantos anos à cultura, livros não faltam para quem vai sozinho, ou simplesmente para quem quer dar uma olhadela. Vale muito a pena ir provar as delícias que a Isabel tira daquela cozinha. De tudo faz maravilhas. Sou fã sem qualquer suspeita.

Vou aqui almoçar algumas vezes, quando tenho pouco tempo ou ando com os horários todos trocados. Mesmo que não seja propriamente hora de jantar ou almoçar, dá sempre para comer qualquer coisinha. As doses são bem servidas e o ambiente é um pouco de tasca mas as pessoas são impecáveis, sobretudo oriundas da zona. Tem alguns pratos de bacalhau muito bons e depois tenho ainda que referir os pratos fritos, como os bitoques. É o que me calha quando vou lá, por isso não peço muito mais que isso.

Aqui mesmo que se vá sozinho uma coisa é certa, não se vai sentir sozinho.
Os senhores que ali trabalham são super simpáticos e sempre prontos para uns dedinhos de conversa.
Em relação à comida e preços é mesmo à estilo tasca, mesmo como eu gosto.
Comida caseira e uma óptima opção para os almoços obrigatórios na rua no nosso dia a dia.

No Batata Doce ninguém sai sem comer! Quem o diz é a própria proprietária, a Isabel, que em Santos e arredores é, como se costuma dizer, mais conhecida que a sardinha. Mesmo que apareça fora de horas para almoçar ou que siga uma dieta alimentar menos convencional, a Isabel lá vasculha os armários e o frigorífico em busca de uma solução.
O espaço é pequeno, mas muito acolhedor e decorado com muito bom gosto e detalhes que o enchem de personalidade, como os candeeiros, as fotos, os livros e até a dedicatória de um grupo de clientes (de outra casa) que sentia a falta dos cozinhados da Isabel. E não é de admirar, a comida apesar de simples é um verdadeiro deleite para o paladar, apresentando sempre o ponto de cozedura e o tempero certos. Aprovadas estão desde já as pataniscas, o bacalhau à Braz, o cozido à portuguesa e a moamba (especialidade angolana, normalmente servida à quarta-​feira). As sobremesas são uma perdição para quem quer contar no açúcar, sendo praticamente impossível resistir ao brownie de chocolate, húmido e fofo, servido com um molho espesso e de sabor intenso. Depois do almoço, se se proporcionar, o melhor mesmo é ficar por ali à conversa com a Isabel ou com o João, o seu marido, que quando têm arranjam tempo gostam mesmo de conhecer os clientes, saber a sua opinião sobre o serviço, deixando-​nos à vontade e bem dispostos. Para além dos almoços, no Batata Doce poderá simplesmente tomar um café, beber um copo e petiscar qualquer coisa, neste caso, aconselhando-​se os folhados e as empadas. Os jantares estão reservados para as noites de 5ª a Sábado, ainda que possa abrir noutros dias, caso haja reservas ou clientes esfomeados.