Da última vez que ia a subir a Calçada de Sant’Ana deparei-me com uma entrada de loja que não conhecia. Parei e fiquei a olhar fixamente para o rapaz e um senhor mais velho que, sentados num banco de jardim no meio de estantes de livros, discutiam medidas políticas com vivacidade. Eles pararam também, olharam para mim e eu pedi permissão para ver a «loja». Amavelmente puseram-me à vontade e continuaram com a sua discussão. Percebi logo que estava num ambiente pouco comercial e é verdade, a pequena«loja», que parece um alfarrabista, é afinal uma«associação cultural /livraria /café literário /galeria de exposições», como se descrevem por baixo do nome. Além disso, que já não é pouco, cedem também espaço a quem queira apresentar projectos, dar aulas, organizar tertúlias, etc. E se o pagamento pelo uso do espaço é bastante acessível, até pode ser de borla se quiserem dar uma ajuda e ficarem a atender os clientes durante umas horas por mês. É assim que se promove a partilha de ideias escritas nos livros e acções feitas no espaço. O rapaz comentou-me que terão também aulas de guitarra e piano, é só aparecer para perguntar sobre as condições. Entretanto, eu já estou a maquinar uma proposta para lhes fazer.