As Primas

É um bar quer faz parte de uma longa história. Não é muito acolhedor, mas existe simpatia e um ambiente relaxado.

Menos de 4 estrelas é impossível. 5 estrelas nunca, compreenda-​se. Faz 21 anos que entrei nas Primas pela 1a vez, na fase punk dos belos e loucos anos 90. Na altura a jukebox estava sempre debaixo de olho à espera de sermos o próximo a escolher a musica. e que musicas :). Já não ia às Primas desde o Verão passado e a propósito de um birthday meeting lá fomos ontem. Engraçado, há coisas que nunca mudam e ainda bem. As Primas são aquilo e as Primas são aquelas. Joga-​se matraquilhos a troco de 50 cêntimos e bebem-​se cervejas a 1 €. The best of the 80’s a tocar atrás do balcão, tudo bem, gosto, mas o nosso tempo é o agora e não o tempo que ja la vai.

Se as paredes falassem, estas teriam inúmeras histórias para contar. As primas é um spot ‘MUST GO’ da noite do bairro. Por vezes muito associado à comunidade homossexual, em particular lésbica, mas na verdade aqui se encontram todos os públicos. O que considero TOP neste espaço é sem dúvida a boa música. Recomendo as noites de 5ª feiras.

Relembro os imensos amendoins que tive de descascar neste bar enquanto via os meus amigos a jogar matraquilhos. Sempre quis jogar matraquilhos com eles mas era posta de parte porque segundo eles… não tenho muito jeito! Restava-​me beber imperiais e comer «alcagoitas». Gostava do ambiente ali… informal, descontraído e sem preocupações. A jukebox era um elemento que relembro bem porque é original… não é um objecto que se veja todos os dias. Tenho saudades de lá voltar e ver como estará agora… se ainda com esta envolvência emblemática.

As primas foram o meu local de peregrinação na juventude com o meu grupo de amigos, e em sagres boémias e vinho velho, a bebida da casa, fazíamos a festa até nos estragarmos todos a beber shots com as primas.
A minha irmã, mais velha 13 anos, contava-​me histórias de primas a aparecer com tacos de baseball quando havia problemas, mas tenho de confessar que das centenas de horas que lá passei nunca senti qualquer tipo de insegurança, ou vi mais que duas ou três cenas de confusão. Não havia noite que saíssemos de casa e não acabássemos de alguma maneira nas primas, chegando a fechar o bar e partir para outras paragens.
O público é do mais ecléticos do bairro, de gays a lésbicas, erasmus, héteros e os góticos e punkers, a passar para os bares deles ali tão perto, toda a gente convivia em perfeita harmonia, quer dentro do bar quer à porta, sentados debaixo do toldo de betão do mercado.

Este bar é um autêntico clássico da noite do Bairro Alto. Desengane-​se quem pensa que apenas é frequentado pela comunidade homossexual, pois aqui é possível encontrar de tudo um pouco!
Quando era mais nova, desgracei-​me inúmeras vezes com o vinho abafado das Primas, mais tarde aprendi a lição. Julgo que desde então, até o staff do bar aumentou, há primas mais simpáticas que outras e há uma brutamontes, ao estilo camionista, mas que no fundo é uma pessoa adorável.
A jukebox avariada, juntamente com a máquina de flippers, fazem parte dos encantos da decoração desta espécie de tasca, que se posiciona algures entre o culturalmente refinado e o decadente.
Gosto bastante dos pósteres de cinema antigos que cobrem as paredes cor de vinho: desde a Marilyn Monroe com o seu emblemático vestido branco, até a um sedutor James Dean encostado ao seu veículo, há de tudo um pouco.
Pena que ao renovarem o espaço, tenham negligenciado as divisões das casas de banhos. Ah, e se quiser uma noite calma, aqui esqueça! Há confusão a quase toda a hora!