Raimundo Alfaiate

Bom, nasci em 1979 e desde então moro na mesma rua.
Desde que eu me entendo por gente, eu faço consertos e roupas em Seu Raimundo, qualquer buraco, fecho-​ecler, elástico ou coisa do tipo que eu tenha que fazer em minha roupa, é com ele.
Já fiz muitos ternos lá, calças, camisas de manga curta e comprida, casacos, paletós…muitos usei — e uso — em show pelo Brasil afora (e Argentina também), e as pessoas sempre perguntam em que loja comprei, qual brechó, e quando falo que foi em minha rua ninguém acredita.
Seu Raimundo está no local há 48 anos e todo mundo do bairro que eu conheço faz seus consertos em geral lá, quando o assunto é tecido.
Alfaiate é uma profissão cada dia mais rara, todos os dias que passo pela porta dele sempre dou um olá, é daquelas pessoas que ficarão extintas daqui há uns anos, infelizmente, há profissões que com o tempo vão desaparecendo.
Desde 1989 Eliane trabalha com Seu Raimundo, lembro dele trabalhando sem ela, era muito criança, Eliane, ou Prima (como minha mãe chama, pois disse que ela se parece com uma prima dela), também já fez inúmeros consertos em minhas roupas, principalmente depois dos shows dos Honkers, em que me estaboco (as pessoas de fora conhecem essa expressão?) no chão e rasgo minhas roupas.
Nunca fiz nenhuma outra roupa ou conserto em outro local senão em Seu Raimundo, mais do que recomendado, uma lenda viva da cidade-​baixa.
Pode ir que é serviço bem feito.